ESCOMBROS EXISTENCIAIS

Amo, mas o amor se distanciou de mim,

Ele me premiou com a doce abstração,

Fazendo-me conviver com a amada solidão,

Crendo em meu ser que este é meu fim.

E assim me recolho, isolado no sertão,

Observando as flores em outros jardins.

E sigo alimentando a minha antagônica ilusão,

Caminhando em dores em direção aos confins.

Vejo o fim de minhas aventuras,

O cansaço como meu confidente,

Mostrando-me que não mais sou inocente,

E que em ruínas estão minhas estruturas.

A alegria fixou-se em algum lugar do passado,

E por ironia, a solidão e a dor são caminhantes.

As estradas empoeiradas deixam meu rosto petrificado,

Enfraquecendo a minha essência, outrora dominante.

Cada vez mais em direção ao norte me torno clandestino,

Perdendo a esperança de um dia poder voltar.

A minha força se perde nas estradas do destino

E semelhante às folhas ao vento vou me deixando levar.

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 02/06/2017
Código do texto: T6016457
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