Desfoque

Os olhos passeiam pela janela,

bordando as histórias cogitadas:

Que haveria de acontecer?

Que houve neste espaço gélido?

Esquecido...

Há apenas um foco na escuridão.

O breu toma conta das calçadas.

Um foco luminescente na alçada.

Vista debilitada, noturna, cansada...

Ecos desvirginando os ouvidos,

na canção que nunca foi ouvida.

Novidades auditivas.

Clareza mental inativa.

Escuro. Vazio. Tormento.

Eco... Eco... Eco... Ecoplastia.

As vezes o ar torna-se esponjoso,

pegajoso, liquefeito, irritante...

Que estranha percepção seria essa?

Um conjunto de formas opacas,

girando em torno da cabeça.

Madrugada afora, o silêncio negro.

janela...

Olho pela alma do recinto.

A paisagem existe lá fora?

Que vejo, eu?

Nada aconteceu?

Confusão...

Tudo isso é apenas uma janela;

um retângulo aceso ao fundo do breu;

a visão do fim com início oculto.

Rafael S P Valle
Enviado por Rafael S P Valle em 10/08/2007
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