Arquivo- memória

Prazeres arquivados na memória

Sentidos arquivados nas arestas

do espírito

pensamentos vagam sem rumo

quicando nos paradoxos diários

a história e a estória

o que foi real e vivido e

o que foi ideal e sonhado

muito tempo passou

muita dor desapareceu

muita angústia esgotou-se

pelo ralo adentro

a imprecisão dos sentidos

a agudez da razão

a crueldade do olho

que tudo vê

e num flash

registra o intangível

intuição

parte-me a alma

o direito de se dividir

se dividir por inteiro

por entre arestas,

por cubos,

por líquidos e

gases

fugidios dessa câmara

do esquecimento

esqueci a travessura de um filho

esqueci de ser feliz,

de beber água e

saciar a sede infinita

de comer enquanto tinha fome

e, hoje só me resta ansiedade.

Aonde foi que nesse arquivo

que deixei os registros

de minha essência?

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/08/2007
Código do texto: T600195
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