Arquivo- memória
Prazeres arquivados na memória
Sentidos arquivados nas arestas
do espírito
pensamentos vagam sem rumo
quicando nos paradoxos diários
a história e a estória
o que foi real e vivido e
o que foi ideal e sonhado
muito tempo passou
muita dor desapareceu
muita angústia esgotou-se
pelo ralo adentro
a imprecisão dos sentidos
a agudez da razão
a crueldade do olho
que tudo vê
e num flash
registra o intangível
intuição
parte-me a alma
o direito de se dividir
se dividir por inteiro
por entre arestas,
por cubos,
por líquidos e
gases
fugidios dessa câmara
do esquecimento
esqueci a travessura de um filho
esqueci de ser feliz,
de beber água e
saciar a sede infinita
de comer enquanto tinha fome
e, hoje só me resta ansiedade.
Aonde foi que nesse arquivo
que deixei os registros
de minha essência?