Uma Noite Apenas

Uma Noite Apenas

Algum tempo, uma noite

Apenas, que me liberte

Dos demos, dos terrores,

Das torturas, e me afoite

Até à manhã fria, inerte,

Aos raios madrugadores

Do sol, quente, que me açoite

a tez e, nela, se oferte

a sudação dos amores.

Uma noite só, dormida,

De acalmias insonoras…

No olhar vago, vagabundo,

Cada imagem vivida,

Do bater, tic-tac, das horas.

No éter, fora do mundo,

onde buscam a jazida

final, almas pecadoras,

gemidos, de esgar imundo.

Uma noite longa, vã,

De libidos e desejos,

Sem sonhos nem ilusões…

Nada, nada, nem manhã

abalada por realejos,

poemas, odes, canções…

só a noite por irmã,

de preguiça, de bocejos,

sem guerras, bons ou vilões…

Só uma noite, sem penas,

(Que não sejam travesseiros),

Ódios vis, malquerenças,

Pazes falsas, rir de Atenas,

Embriaguez de guerreiros,

Deuses, musas, mesmo crenças,

Esta só noite apenas,

Por favor, arruaceiros

De hoje, quero diferença.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 18/04/2017
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