Uma Noite Apenas
Uma Noite Apenas
Algum tempo, uma noite
Apenas, que me liberte
Dos demos, dos terrores,
Das torturas, e me afoite
Até à manhã fria, inerte,
Aos raios madrugadores
Do sol, quente, que me açoite
a tez e, nela, se oferte
a sudação dos amores.
Uma noite só, dormida,
De acalmias insonoras…
No olhar vago, vagabundo,
Cada imagem vivida,
Do bater, tic-tac, das horas.
No éter, fora do mundo,
onde buscam a jazida
final, almas pecadoras,
gemidos, de esgar imundo.
Uma noite longa, vã,
De libidos e desejos,
Sem sonhos nem ilusões…
Nada, nada, nem manhã
abalada por realejos,
poemas, odes, canções…
só a noite por irmã,
de preguiça, de bocejos,
sem guerras, bons ou vilões…
Só uma noite, sem penas,
(Que não sejam travesseiros),
Ódios vis, malquerenças,
Pazes falsas, rir de Atenas,
Embriaguez de guerreiros,
Deuses, musas, mesmo crenças,
Esta só noite apenas,
Por favor, arruaceiros
De hoje, quero diferença.
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