Descortinando

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Descortinando

Desde menino

tenho por hábito

multiplicar.

Da janela,

usando pijaminha listrado,

percebi que lá fora,

no céu do quintal do meu avô,

havia duas luas a brilhar!

O retrato do super-homem.

O ursinho de pelúcia da Loló.

Os livros na estante.

O taco de baseball.

A cama arrumadinha.

A ventania abrindo a cortina.

Um retrato.

Dois ursinhos.

Vários livros, vários!

Desarrumados na estante.

Tacos no piso,

pés no chão.

Traços do vovô

no branco da cortina.

Cortando minha retina,

descaracterizando a moldura,

uma pétala desfolha,

em laços de encantamento,

a agonia do meu pesadelo.

Nijair Araújo Pinto

Iguatu, 13 de abril de 2017.

01h00min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 13/04/2017
Código do texto: T5969396
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