QUARTO DE DESPEJO

Eu sou a miséria do mundo

e canto

a agonia de me sentir viva.

As pessoas vigiam minhas mãos.

Sou apenas isso:

mãos que tecem,

mãos que limpam,

mãos que carregam

o peso dos outros.

Ninguém as beija.

O salário que recebo

não paga o sol

que me queima a face.

Trabalho e sei

que, quando parar a labuta,

quedarei morta

de uma vida

que jamais vivi.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 07/08/2007
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