Murmúrios do fim
Meus dias, minhas horas...
meu regresso.
Em que porta entrar?
vejo o mar longe...
a cidade fechada em si mesma
e minha alma ainda mais longe de tudo.
Mas meu coração desfila manso,
saudoso, com a memória em mãos.
Vulgo homem só, homem em vão.
Abandono-me. Sinto a pele esfriar-se
e o sentimento dar asas à fala,
o que feliz ainda me embala,
canta pra mim a canção da despedida.
Vou-me triste, calado...
deixo neste papel um poema lavrado:
é tudo o que, possível, me chegou do coração,
com ou sem razão, mas chegado.
Meus dias, minhas horas, meus instantes,
tudo é vivo, tudo é santo,
nesse diabólico viver entre desencantos!