se eu soubesse tocar piano
nós moraríamos
em um apartamento
no centro da cidade
com somente um colchão
e nossas roupas no chão.
nós iríamos para o Chile
subiríamos a cordilheira
dos Andes
numa sexta-feira
descaracterizada
pelo suor de nosso sexo
e ao sábado num café
na Argentina
seria o lugar mais bonito
para nos beijarmos.
mas não falaríamos de amor
dessa maneira que vemos nos
filmes e nos seriados.
você me perguntaria quantos
espinhos
um porco espinho talvez tenha
enquanto prepara nosso almoço
e eu responderia
duzentos ou
cento e cinquenta.
Brahms nos contaria suas
aventuras outonais na nossa
hora de dormir.
Vivaldi preencheria
as chuvas e as ondas de
calor.
eu fumaria escondido de você
na sacada do apartamento
e você acordaria vestindo uma
de minhas camisetas
favoritas.
a conta de luz não viria um
absurdo
porque só haveria um toca
discos
na sala.
não precisamos de televisão
porque nossa vida seria uma
novela. quem fosse nos visitar falaria o quanto
nos inveja, mas isso não nos seria ruim, não
nos abalaria. continuaríamos ali, entre refeições
saudáveis e xícaras de café pelo chão do quarto.
Manhattan seria nada e Paris
não teria mais luzes.
Woody Allen não faria mais filmes
porque nós gastaríamos dinheiro
correndo atrás de suas bandas favoritas.
os livros ficariam empilhados por todos
os lados. no banheiro, na cozinha,
e o caminho para o quarto seria iluminado
por velas no chão e nossos sonhos
no teto.
nada se perderia
tudo se resolveria
e os problemas a gente
esqueceria no bolso de
alguma calça.
Chopin romantizaria os dramas
que discutiríamos abraçados
à meia noite
ao acordarmos com as sirenes.
Mozart nos diria o que é ser humano
e Bach nos diria o que é ser o
universo.
merda.
se eu soubesse tocar piano
esse poema não teria
existido, mas algo me diz
que meu amor
seria o mesmo.
nós moraríamos
em um apartamento
no centro da cidade
com somente um colchão
e nossas roupas no chão.
nós iríamos para o Chile
subiríamos a cordilheira
dos Andes
numa sexta-feira
descaracterizada
pelo suor de nosso sexo
e ao sábado num café
na Argentina
seria o lugar mais bonito
para nos beijarmos.
mas não falaríamos de amor
dessa maneira que vemos nos
filmes e nos seriados.
você me perguntaria quantos
espinhos
um porco espinho talvez tenha
enquanto prepara nosso almoço
e eu responderia
duzentos ou
cento e cinquenta.
Brahms nos contaria suas
aventuras outonais na nossa
hora de dormir.
Vivaldi preencheria
as chuvas e as ondas de
calor.
eu fumaria escondido de você
na sacada do apartamento
e você acordaria vestindo uma
de minhas camisetas
favoritas.
a conta de luz não viria um
absurdo
porque só haveria um toca
discos
na sala.
não precisamos de televisão
porque nossa vida seria uma
novela. quem fosse nos visitar falaria o quanto
nos inveja, mas isso não nos seria ruim, não
nos abalaria. continuaríamos ali, entre refeições
saudáveis e xícaras de café pelo chão do quarto.
Manhattan seria nada e Paris
não teria mais luzes.
Woody Allen não faria mais filmes
porque nós gastaríamos dinheiro
correndo atrás de suas bandas favoritas.
os livros ficariam empilhados por todos
os lados. no banheiro, na cozinha,
e o caminho para o quarto seria iluminado
por velas no chão e nossos sonhos
no teto.
nada se perderia
tudo se resolveria
e os problemas a gente
esqueceria no bolso de
alguma calça.
Chopin romantizaria os dramas
que discutiríamos abraçados
à meia noite
ao acordarmos com as sirenes.
Mozart nos diria o que é ser humano
e Bach nos diria o que é ser o
universo.
merda.
se eu soubesse tocar piano
esse poema não teria
existido, mas algo me diz
que meu amor
seria o mesmo.