Poetas morrem sozinhos
A folha amassada estava sob a mesa
Eu a observava de canto, à distância
Remoendo a tristeza
Proveniente da minha própria ganância.
A tinta já ressacada
Não aguenta mais repousar
No delírio de uma mente cansada
Que ainda se esforça para lembrar.
Recordações de uma vida passada vêm e vão
As memórias recentes foram levadas
E há apenas um borrão
De composições não terminadas.
Olho para o porta retrato
Um rosto familiar...
Oh, pobre coração insensato!
Escolhestes a pessoa errada para amar.
A obscuridade não me permite ter clareza
Perdoe-me pela confusão
Mas compor já não tem mais a mesma beleza
Desde a minha última desilusão.
As pílulas não têm mais efeito
Não sei nem mesmo meu nome
Não há como ser desfeito
A doença que me consome.
Há muito tempo me disseram
Que poetas morrem sozinhos e frustrados
Mas acho que eles é que se esqueceram
Que poetas morrem com segredos nunca revelados.