Vinte horas...
E a solidão corroendo essas linhas
Vem emprestando às mãos minhas
A calma preciosa para alma ansiosa
E nessa rima, estranha, angustiosa
Fica o coração batendo tão fraquinho
Haja dor, haja espinho pelo caminho
Aja, vem rápido, abra o azul da janela
Areja a casa branca, molha a amarela
Flor, que plantou na anterior primavera
E a geada do inverno, queimou a erva
Mas por sorte, passou e esqueceu dela
Por isso a beleza, ali, ainda conserva
Conversa comigo, vem ser meu abrigo
O ombro antigo, tão bom e tão amigo
Pois no girar do planeta Terra, sou nada
Sou poesia rabiscada, sou letra apagada
Sem ti, não resisto, sou pó da estrada
Pedacinhos vazios, versos mudos, nada
Nadando no mar da ausência tua, sofro
Não chego na praia, morro num sopro...