Carnaval
Carnaval
Na festa e no batuque
Há quem ainda escute
O palpitar dos corações
E o estilhaçar das almas partidas?
Festejos de alegrias vazias
Fingidas paixões frias
Cores artificiais, sonhos em fumaça
Pelas ruas, bem ali, na praça
Corpos, apenas
Sonhos? Guardados para outros dias
Algumas horas e alegrias
Sem sentido ou poemas
Guardei em seguro rincão
Os caquinhos do meu coração
Já estilhaçado pelo arqueiro
E pra noite fui a passo ligeiro
Deixei em casa minha poesia
Tentei cair na folia
Enquanto a música perdurou
Meu corpo apenas dançou
Mas a saudade foi mais forte
E quando o dia amanheceu
E a música esmaeceu
Fiquei a lembrar os dias de amor e sorte
Peguei a poeira multicor da minha alma
E com ela fiz as tintas com que traço
Esse trecho, poema sem calma
Onde a ilusão, despedaço
E dias depois da primeira noite festiva
Finalmente do dia amanhece cinza
Quarta feira – cansada, talvez ranzinza
Após uma semana de ilusão viva
(2017)