A noite cai
E quando arrudiado de outrem
Mas em si sozinho
Perto de tantos
E longe nem tanto assim
Um crepúsculo se faz
Em amiúde relações
De instantes fotocopiados
Veemente declarações
Fermentadas e descompensadas
Sobre tantas ilusões
A noite cai
E na TV não vejo
Meu rosto ao averso
Desaverso dos versos
Versados em aseverar
Que um dia poder ser
Uma eternidade em pausa
O sustenido em Sol
Como quê desafinado
É como um palavrão
Em céu sem luar
Que empobrece a canção
Triste coração
De quem na rede
Na varanda não encontra emoção
A harmonia e a melodia
De um samba-jazz
Que à alma trás
O grito em silêncio
Mudo tom agudo
De uma frase em clave de fá
Tudo mais grave estar
Compassos de uma vida a marcar
A noite cai
E mais uma vez
Destorce a imagem no espelho
De nada serve teu conselho
Se tuas falas não condiz
Com aquela cicatriz
Que me custou esquecer
Não é você
Sempre a culpada
E sim sou eu
Noite de um céu
De opacas estrelas
Anunciando que lá dentro
Está tudo um breu
Henrique Sacramento