Estrela solitária
na vastidão do silêncio
No coro árcade dos insetos.

Toda fragilidade do mundo.
A pluma.
O vento.
A porcelana.
Voa.
Sopra.
Quebra-se.

Entre os cacos
construo um mosaico
para decifrar
a estrela, 

Rodeada de absoluto.
Imersa na incerteza.
Na languidez da sedução.

Olhos se entreolham.
Palavras se esgasgam
Na semântica óbvia
da manhã.

O medo dependurado
no dedo, prestes
a acionar o gatilho

A morte é certa.
A felicidade incerta.

A solidão é certa.
A afeição é incerta.

Há grilhões invisíveis
atar-nos no presente.

Há âncoras imaginárias
a aportar-nos 
na modernidade líquida.

Há outros... e outras
ferramentas
risíveis 
a nos manter ridículos.
Burlescos,
Contundentes,
Espremidos entre ossos e carne.
Entre o corpo e alma.
Entre o concreto e o abstrato.

A manter a existência líquida
sobre a superfície sólida.

A estrela solitária.
É sábia.
De lá de cima,
contempla a tudo.
E a todos.
Com seu ar solene,
paira
inquebrantável.


A estrela solitária
está rodeada de todos pensamentos.
Humanos ou não.
De nossos sonhos inacabados.

Há naquela solidão.
Milhões de flexas quebradas.
Bilhões de asteróides perdidos.
Trilhões de cristais
transparentes,
a refletir toda beleza
contida em toda incerteza.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/02/2017
Reeditado em 01/02/2017
Código do texto: T5899786
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