ALBA
ALBA
Se de oculto olho da terra jorra
Fonte que, alegre, chora,
E se há mãos que morrem de sede
Enquanto carregam água
À boca sedenta de outra boca,
Quem haverá de saber
Onde começou
E quando acabará seu fio
Enleado na roca
Que vai girando teimosa incansável fuso?
Mas o que seja infinitude
Entende quem fica a olhar estrelas:
Até depois do fim,
Essa luz prossegue
Viajante pelo escuro do céu
E vem acender de cintilâncias
Quem é sempre densa noite
À espera de uma aurora
No olhar de quem lhe dará
Amanhecida inteiramente
A própria vida.