SOBRE A ÚLTIMA VEZ QUE ME DESTROÇASTE

Nossas dessemelhanças são tão claras,

já não surpreende atestares iniquidade

na frágil amizade que tínhamos,

o selo de nossas desconfianças:

o rúptil aperto do abraço inesperado,

o medo encarnado desde a infância,

o espalhado temor de vingança ágil

o tremor pondo esperanças em estilhaços,

o dedo no gatilho tiro ao alvo.

Acertou...

Afinal amizades são flores raras

que morrem durante as guerras

regadas a sangue e cachaça,

a Alemanha invadiu a Rússia durante o inverno,

desencontros dos ditadores:

eu escolhi o verão...

Abdiquei à palavra pelo meu falecido nome,

silêncio jaz onde vibrava a música,

os bailes cederam espaço a cortejos,

na multidão não me perco não me acho,

vago por assim dizer na busca de ser inabalável,

como prédios de concretos na margem do asfalto

paro sem fingir: eu sou.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 05/01/2017
Código do texto: T5873117
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