SOBRE A ÚLTIMA VEZ QUE ME DESTROÇASTE
Nossas dessemelhanças são tão claras,
já não surpreende atestares iniquidade
na frágil amizade que tínhamos,
o selo de nossas desconfianças:
o rúptil aperto do abraço inesperado,
o medo encarnado desde a infância,
o espalhado temor de vingança ágil
o tremor pondo esperanças em estilhaços,
o dedo no gatilho tiro ao alvo.
Acertou...
Afinal amizades são flores raras
que morrem durante as guerras
regadas a sangue e cachaça,
a Alemanha invadiu a Rússia durante o inverno,
desencontros dos ditadores:
eu escolhi o verão...
Abdiquei à palavra pelo meu falecido nome,
silêncio jaz onde vibrava a música,
os bailes cederam espaço a cortejos,
na multidão não me perco não me acho,
vago por assim dizer na busca de ser inabalável,
como prédios de concretos na margem do asfalto
paro sem fingir: eu sou.