Refúgio da madrugada

Perdi o último trem de metrô, mas não a esperança.

No silêncio da noite, madrugada sem carro e sem ônibus,

perseguido por um canivete na rua, recobro o ânimo

com passos apressados, arfando no meio da calçada.

Fugi do assalto, do frio e da solidão.

No refúgio da madrugada, encontrei

a luz no hall de entrada. Pensei que

não gostava dos livros ou se seriam

os livros que não gostavam de mim.

Entre prateleiras, encontrei várias mensagens.

Não há noite tão longa que não reencontre o dia.

Muitas coisas haviam roubado minha atenção,

meu tempo. Não podia ler. Sentia um vazio.

Um prédio, com energia de conhecimento

fluindo, atrai vaga-lumes sedentos por luz.

Encontrei a mim mesmo e a um mundo só meu.

(Poema publicado no livro Refúgio da Madrugada)

Editora PENALUX 2016