Me alimento de mim
Me alimento de mim
Agourada noite que faz minha fome insaciável! Minhas bengalas já estalam e não querem estabilizar meus olhos. Aos poucos quero ir me mordendo, com pretensão de me devorar por inteiro. Ah! Como eu queria agora estar perdido em algum lugar de verdade, não aqui no meu quarto, não aqui dentro de mim. Uma floresta seria interessante. O medo de algum tigre ou cobra, o desespero para encontrar um lugar para dormir e alimento para não definhar! Não estar de frente a este grande felino que minha alma se torna, ou essa serpente que me contamina, meu veneno são minhas palavras, minha picada é pensá-las. Não sei se tenho tédio de estar entediado, mas não consigo confundir que me desespero de tudo isso. E além de tudo por que tenho que ter uma alma autofágica?
Ah, silêncio! Que irritante!