Tentando não amar
Tentei em vão esquecer essas memórias de dor,
os lamentos tortuosos de um passado teimoso,
queimando como fogo em brasa em minha alma,
marcando meu corpo com símbolos escarlates,
vergonha tórrida de ser um andarilho desnudo,
tentando não amar o que me mata todos os dias,
um olhar esverdeado que me persegue dia e noite,
um silêncio que grita em meu interior,
vozes de agonia no abismo de meu ser,
tentando não amar o que me retorce os sentimentos,
um beijo há muito perdido no vento da vida,
um perfume deixado na varanda da escuridão,
fados de tristeza e solidão em eterno uníssono,
tentando não amar o que me devasta na areia do tempo,
um labirinto sem fim num sonho sem um acordar,
um riso demente em meio à sanidade de outrém,
psicoses de um contra-senso do destino,
lançando-me aos leões na arena dos ímpios,
esperando o fim chegar lentamente...