Uiva um lobo!

Apago a lua com o sol

e me redesenho

contando as histórias que vivi

sem muito crer nos uivos da existência.

Os gemidos são as verdadeiras lágrimas

quando uma dor começa,

sem pressa, querendo apenas judiar-me.

Quando o céu cair sobre meu pranto,

estarei dentro da vida a querer tanto,

que do amor, o que eu sentir, sem pranto,

o maior de mim

será o que não saberei sentir

sem que despreze o espanto.

O canto do lobo uiva como um homem;

Prenúncio de abandono

que me maltrata o coração selvagem

sem me solver na dor da alma.

Uivam em mim dois lobos.

Terei que contar histórias diferentes,

de bichos que uivam como gente,

o que cair, oniricamente, do céu

sobre meus olhos,

o que me fizer chorar,

o que me fizer sorrir,

entre os uivos dos lobos.