Vizinhos
Meu vizinho da frente tem uma bela casa
Cercada com um muro bem alto
E no topo do muro há arame farpado e cerca elétrica
Existem câmaras por todo lado
E se não bastasse tem um cão treinado para matar
Ele também possui um carro preto blindado
Com vidro fumê
Ele usa o tempo todo óculos escuros
E parece que não sabe sorrir
Meu vizinho do fundo
Ele construiu um forte castelo
Penso que ele tem medo do dragão
As vezes vejo um vulto na janela
Por lá há um silêncio mórbido
Talvez permeia por lá solidão e depressão
O outro vizinho da esquina
Ele é estranho demais
Nunca consegui capitar o seu olhar
Ele é um mistério fugaz
Uma outra vizinha
É misteriosa demais
E nem um bom dia saber dar
Na rua em que moro
Há belos casarões
Mas também há muita solidão
Tenho um vizinho mais distante
Ele até sabe dar bom dia
Já acorda com uma lata de cerveja na mão
-E diz que é sua companhia
Moro numa rua estranha
E eu sou o único anormal
Minha casa o muro é baixo
Não tem arame farpado e nem cerca elétrica
E nem câmara por todo lado
E nem cãozinho evacuando pelo quintal
E no final do dia ainda abro a porta
Para ver os “fantasmas” passarem
E a noite durmo tranquilo
Pois não tenho nada para roubar
Moro em uma rua cheia de casas
Penso que estão vazias de gente como a gente
Moro em uma rua solitária
Não tenho vizinhos