Fábula Contemporânea
Esconda os seus profetas
Dentro de sua lata de açúcar
O inferno não parece tão ruim
Quanto um conto de fadas
Que todos os dias
Se repete na TV
Eu estou quase morto
Pois nessa fábula em que vivo
A tartaruga nunca venceu
O que resta para mim?
É demais
É sempre demais
E eu sempre soube
Que não seria perdoado
Pela minha coleção de pecados
Ou pelos meus certos errados
Tão bem colecionados
Através de anos marcados
Que eu lhe juro mulher
Não ter visto
Passar
Eu irei correr
Através das mesmas estradas
E eu irei suportar
A mesma merda de sempre
Eu já falhei o bastante
Para ser condecorado
Como um grande pateta
Mas pouco me importa
Ganhar ou perder
Pois as portas continuam trancadas
E as garrafas continuam amontoadas
Embaixo de minha cama quebrada
Pois amanhã será outro dia
Em que acordarei chapado
Sem novidades para contar.