Persona
No fim da noite eu penso na minha vida
Pela janela vejo as últimas estrelas desaparecerem
Onde o brilho austero da lua morre numa gélida brisa
Que espalha as nuvens de um céu escuro
Num outono triste de rimas vazias e carregada melancolia...
Bem lá fundo eu sei
A verdade que eu tentei esconder
Talvez por isso me escondo tão bem nas letras
Pois esse é o meu modo de negar todo o fracasso em que me meto
Tão simplória é a lei que rege o mundo a minha espreita...
O ecoo de sua voz se faz ao longe
Meus ouvidos escutam teus gritos
Uma dor bate sem pressa e sem nome
Amparada pela melodia dos meus sonhos
A bela dama da solidão sussurra aos ventos que eu nunca lhe abandone...
Há muito o portal foi aberto
Lá me refugiei nas fantasias de meu coração
Lutando guerras que eu poderia vencer
Escondendo-me nos contos onde não existia escuridão
Tudo para mais um dia sobreviver...
Quando a chuva cai silenciosa
E a névoa percorre os campos desertos
Os jardins de minha alma colhem rosas cheirosas
Na esperança de espalhar o perfume há muito esquecido
A fragrância dos Deuses prometida a mil gerações idiotas...
A lua corteja-me uma valsa
Dou-lhe a mão e sigo seu rumo
Lá no além de meus pensamentos
Escrevo versos de um momento oportuno
Peculiar forma de proteger meu eu do abismo dos meus devaneios mais profundos...
Assim quando o dia amanhece eu ganho mais uma oportunidade de tentar ser feliz num universo construído sobre uma realidade virtualizada e moldada para enganar nossas mentes e robotizar nossas personalidades.