Solidão, Minha Amante
Solidão, Minha Amante
Nunca estou só no universo,
Que corro como viajante,
De fatais paixões, ou de amores
Perdidos no tempo e em versos,
Ávidos dos choros e das dores,
Tenho Solidão por amante.
Juntos em dossel da Saudade,
Geramos filhas de incerteza:
Dor, de beleza lancinante,
Nessa tez de infelicidade,
E de porte altivo, Tristeza
Escura, qual noite mutante.
E teu ventre, Solidão, cresce,
De Vilania, Raiva, de Traição,
De Lágrima, Fuga, de Perda.
E de outros filhos mais acresce,
Tenho por amante, Solidão,
Porém de mim, nenhuma herda.
Infeliz amante, perdida
Neste sonho de desespero,
Que pesadelo te cativa?
Teu braço, de espada erguida,
Ferirá de golpe severo
Poetisa que eu eleja diva.
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