INUSITADO
O tempo escoa gota a gota...
A chuva grossa que cai não me lava
a alma semimorta...
O vento a zunir nos vãos das janelas
e portas não me direciona para a
definitiva rota.
O quanto deverei esperar pelo
germinar das flores novas?!
E haverão as novas flores a se
espraiarem em meu caminho?!
Há quantos quilômetros a se perderem
para trás dos meus passos sombrios?!
Por que o sol no horizonte se põe tão rápido
e o ocaso obscuro dura tanto tempo?!
Perduro na angústia dos teus dias frios,
das tuas horas duras, das tuas vias secas.
Há montanhas e pedras a me ferir os
pés... calcam-me a insanidade; há silêncio
e censura a me tolherem a fala... incitam-me
a indignação.
Por que o veio de um rio gélido mata toda a
sua água, estagna toda a sua fonte.
A vida é movimento para o ser, para si,
para o outro.
O tempo escoa gota a gota... o inusitado
orvalho da manhã que não mais volta
é-me estranho! ...