Flores no asfalto

na janela, sopra

o vento, a camisa

molhada.

chega a noite.

alugo teus sonhos

e vejo a luz

dos automóveis

a desenhar flores

no asfalto.

leio monólogos...

reservo as pausas

do texto para o final

do espetáculo.

na casa vazia

as palavras

são asas.

o vento devora paisagens.

nas camadas da alma,

ouço as dores tatuadas.

voam pássaros solitários.

ouvem o som das horas

nos relógios de quebrados.

guardo perfumes

entre lembranças e

roupas mofadas.

entrega-te.

somos almas

reencarnadas.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 13/11/2016
Reeditado em 13/11/2016
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