Flores no asfalto
na janela, sopra
o vento, a camisa
molhada.
chega a noite.
alugo teus sonhos
e vejo a luz
dos automóveis
a desenhar flores
no asfalto.
leio monólogos...
reservo as pausas
do texto para o final
do espetáculo.
na casa vazia
as palavras
são asas.
o vento devora paisagens.
nas camadas da alma,
ouço as dores tatuadas.
voam pássaros solitários.
ouvem o som das horas
nos relógios de quebrados.
guardo perfumes
entre lembranças e
roupas mofadas.
entrega-te.
somos almas
reencarnadas.