Solidão 2
Solidão 2
São negras memórias de brumas
que me assolam os pensamentos
e singram em mim destruidoras
nas noites de espessa solidão!
São uivos de ventos revoltosos
fustigando-me medos tenebrosos,
sacudindo meu ser de angústias
que me devoram em noites sem fim.
Ah, as amantes, de loucas raivas,
perdulando os vis amores fúteis
na ganância desesperada do desejo
insatisfeito e orgasmos possessivos!
Ah, as ninfas insaciáveis em cios
animalescos por linfas inférteis
que emprenham os esgotos das mentes
deturpadas de ciúme e enredos vários!
Que musas me inspiram agora versos,
versos que são esgares dolorosos,
que minhas mãos se negam débeis
a erguem as pesadas penas de alma?
Que poetisas me ciciam, docilmente,
hinos de amor e de beleza infindos,
se feneço nas odiosas redes de ódio
de mostrengas bruxas adúlteras?
Quantos versos escrevo inutilmente
na insípida volúpia do desespero,
e por fraca inspiração se desvanecem
em líricos grasnados de bruxas sujas?
Que lamentos fertilizam as vãs dores
e me decepam toda a vontade de viver,
sendo apenas arabescos dos ocultos
e poções trágicas, de fel e veneno?
Calai-vos, ventos! Ide ao inferno,
e trazei-me chamas apocalípticas
que consumam meu corpo sem valor,
mas afastem de mim o frio de agonia!
Ide, brumas! Ou, então, agonizai comigo
em labaredas das paixões da derrota,
Devorai, também, meus senis escritos
e libertem a minha alma para sempre!
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