PEDAÇOS DA ALMA

Pelo chão, o vento deixou cair algumas folhas do velho diário
ali esparramado pelo assoalho de madeira centenária
agonizavam sonhos, tantos...e um grande amor
no papel amarelado, linhas maltraçadas
estendiam mãos invisiveis, em busca de socorro
acenavam por misericórdia, ainda respiravam
tinham anseios, não queriam morrer

no entanto, pés insensíveis, pisavam as folhas em tom sépia
sem se darem conta, de que uma alma delicada
havia, um dia, se debruçado sobre seus sentimentos
e tomada por um frenesi, deixou ali registrado
fragmentos de sua essência

naquela escrita morava um universo feito de amor
o mesmo (amor) que foi motivo de tantos desenganos, 
e na mesma proporção a razão de um existir
 
ali, relegadas ao pó dos tempos
e ao mais profundo esquecimento
jaziam não somente palavras escritas
mas, sim, pedaços de uma alma leal
que levou para o além
um amor (para ela) imortal



(imagem: Lenapena)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 18/10/2016
Reeditado em 18/10/2016
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