desconexo

Quando acordei, já estava aqui,

Envolvido em névoas, tentaram me encobrir.

Mas escapei, segui meu caminho,

Não posso parar, mesmo no espinho.

Se não vieres, sozinho irei,

Mesmo indeciso, caminha, não te detenhas, pois sei.

Seja qual for o rumo, emaranhado ou claro,

O destino se faz agora, não há atraso ou reparo.

Já não guardo nada, libertado do peso,

Minhas asas, embora pesadas, alçam voo incerto.

Pernas cansadas, coração num deserto,

O que fizeram de mim? Nas penas do passado, mergulho e me perco.

Abatido, aflito, agora perdido e frio,

Sigo ou espero no destino o meu abrigo?

Nas decisões, simples ou complexas, batalho,

Com esta mente fértil, que semeia e colhe em atalho.

Frutos de mágoas, problemas incontáveis,

Em sua inocência fundamental, desconhece o amável.

Da janela da infância, o mundo adulto brilhava,

Da janela adulta, a infância chama, e a alma ali ficava.

O futuro, um breve lampejo,

Essa febre, uma constante, não tem desejo.

As portas se fecham, os caminhos se estreitam,

Ser adulto é ter uma pedra no caminho,

erguer uma fortaleza

e, contudo, olhar o mundo de uma brecha!