hábitos

Tenho o hábito de me recolher

Encolher, espreitar

Intuir

Industrializar-me para

esse mundo

despreparado

preciso me sujar com

as tintas que moram

no entardecer

preciso abrir a janela

e deixar de respirar

parar o momento

em que se está,

em que se é,

conter as essências

entro no casulo

e desmancho a borboleta

aborto as cores

das asas,

os vôos sem aterrisagem

entro no casulo

de mim mesma

das minhas coisas interioranas

de dores intestinas

de dúvidas que

me acordam no meio da

madrugada

é que a lucidez

ateia fogo as minhas idéias

rasga minhas vaidades

me deixa despida

diante de mim mesma

e, sem-vergonha

cubro-me de vento

de afrodites,

de diana a caçadora

impiedosa

dura, seca

estorricada como o serrado

retorcido envolta do poder

a procura de água

agora tenho que sair

e me tornam as lágrimas

os medos,

os ventos

a chuva...

agora que tenho de sair

retornam-me as perdas

no labirinto

secreto no

chão do

dia-a-dia

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/07/2007
Código do texto: T576929
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