hábitos
Tenho o hábito de me recolher
Encolher, espreitar
Intuir
Industrializar-me para
esse mundo
despreparado
preciso me sujar com
as tintas que moram
no entardecer
preciso abrir a janela
e deixar de respirar
parar o momento
em que se está,
em que se é,
conter as essências
entro no casulo
e desmancho a borboleta
aborto as cores
das asas,
os vôos sem aterrisagem
entro no casulo
de mim mesma
das minhas coisas interioranas
de dores intestinas
de dúvidas que
me acordam no meio da
madrugada
é que a lucidez
ateia fogo as minhas idéias
rasga minhas vaidades
me deixa despida
diante de mim mesma
e, sem-vergonha
cubro-me de vento
de afrodites,
de diana a caçadora
impiedosa
dura, seca
estorricada como o serrado
retorcido envolta do poder
a procura de água
agora tenho que sair
e me tornam as lágrimas
os medos,
os ventos
a chuva...
agora que tenho de sair
retornam-me as perdas
no labirinto
secreto no
chão do
dia-a-dia