Porto
A solidão valseia deslumbrada.
Deus, quem me estenderá o abraço?
Homens de pequena percepção,
que constroem ruínas dentro de si
e alargam desertos aos outros,
voam feito anjos enaltecendo nossas dores!
A minha natureza empobrece
diante de fatos pre-estabelecidos.
Sou de carne e de sentir
sou de lágrimas a engolir
as muitas dores que me jogam.
Faço-me forte como a pena
que o vento sopra a deriva.
Elevo à vida o meu brinde
nas agonias do existir,
e Deus porém, me supre tudo,
nesta solidão chamada homem.
Uma valsa sem violino
uma barca a fluir
por entre os rios da minh'alma,
e no final tudo se repete:
a dança inanimada no salão,
eis o resumo da minha vida,
chamado porto solidão!
Por tudo isto, Deus,
sou forte apenas por ser porto,
e apenas por ser só!