Porto

A solidão valseia deslumbrada.

Deus, quem me estenderá o abraço?

Homens de pequena percepção,

que constroem ruínas dentro de si

e alargam desertos aos outros,

voam feito anjos enaltecendo nossas dores!

A minha natureza empobrece

diante de fatos pre-estabelecidos.

Sou de carne e de sentir

sou de lágrimas a engolir

as muitas dores que me jogam.

Faço-me forte como a pena

que o vento sopra a deriva.

Elevo à vida o meu brinde

nas agonias do existir,

e Deus porém, me supre tudo,

nesta solidão chamada homem.

Uma valsa sem violino

uma barca a fluir

por entre os rios da minh'alma,

e no final tudo se repete:

a dança inanimada no salão,

eis o resumo da minha vida,

chamado porto solidão!

Por tudo isto, Deus,

sou forte apenas por ser porto,

e apenas por ser só!

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 19/09/2016
Reeditado em 19/09/2016
Código do texto: T5766001
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