NÃO É MEU DOM DESCONFIAR

Não há nada que me faça romper os limites do tempo,

O passado são lembranças dos dias de sol e chuva,

O futuro pertence àqueles que sabem jogar,

Mas talvez o tempo que se revela eterno,

Seja justamente o que esperamos segundo a segundo,

O gelo ser destruído por um simples oi.

Esses dias andam meio cinzas,

É que nunca mais parou de chover dentro de mim,

E quando vejo dias bonitos lá fora, e ouso acreditar,

Tento romper minhas janelas para sentir o sol,

Mas eu, tão prisioneiro de mim,

Jamais consegui quebrar as correntes.

Meu pecado foi ter sonhado alto,

Dar asas ao coração que desejava amor,

Você disse que poderia ensiná-lo a voar,

Mas lá no ponto mais alto, acima das nuvens,

Livrou minha mão da sua, me deixou em uma queda sem freio,

Suas intenções nunca foi me machucar, você queria me matar.

Tentei construir uma escada que alcançasse o céu,

E a culpa foi minha, fui pretensioso demais,

Talvez o erro seja acreditar sempre de primeira,

Não é meu dom desconfiar,

Alimentando expectativas que no fim serão lobos de mim, irão me devorar,

Assim sou eu, em cada esquina me perdendo na tentativa de recuperar meu ar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 24/08/2016
Reeditado em 24/08/2016
Código do texto: T5738959
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