Correlação Suicida
Já é tarde da noite. Não durmo.
em vez disso, oscilo de canto
em canto, despistando o sono
num pesar de langor e tanto.
sobre as chamas de um fogareiro
improvisado na varanda, a chaleira chia.
como de nosso hábito de antes
(e de cada dia)
a água para o café está no ponto.
caminho a passos lentos na sala escura,
esmiúço com pesar cada cômodo vazio da
ouço com espasmos o acústico silêncio da solidão.
Janela entreaberta, ao pé da Lua.
noite de prata. Noite lúgubre. Calada noite. noite de pranto. Nada mais. Nada muda...
Como pude? Di! Me diz... Como pude?
especulo a oquidão da rua, seguro a xícara
de café ainda quente entre a palma das minhas mãos:
firme, gélido, mórbido e sem planos.
se a morte é isto, eis-me aqui! não há por que mais espanto.