Sou diferente das outras crianças
Tive uma infância distinta das outras crianças ao meu redor…
Fui abandonado em um monturo da cidade…
Vivi de migalhas doadas e recolhidas no vagar do dia…
Sou fruto de uma duma gravidez indesejada…
O estômago roía-me e rogava-me que ingerisse alguma coisa…
Cresci duro como uma pedra e dorido como abalroar na pedra…
Nutria-me de bagatelas libertadas pelas lixeiras da minha cidade…
Vivi nas ruas, todos vocês sabem que cresci pelos fragmentos…
Transitava noites em céu aberto, coberto de linhas de caixas velhas…
Que não me protegiam de ser roçado pelo frio que se fazia na cidade…
Tenho alma obcecada, pois sou diferente das outras crianças ao meu redor.