A mulher só
Era tanta solidão,
que mais não cabia nela.
Como podia, ó razão!,
viver só mulher tão bela?
Na direção da cidade,
caminhava bem depressa.
Na volta, a dificuldade
de um soturno andar sem pressa.
Andava seus passos lentos,
sem vontade de chegar.
Na praça, buscava alento
e um banco para sentar.
Toda tristeza que existe
estava contida nela.
Como podia ser triste
se era, essa mulher, tão bela?
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N. do A. – Na ilustração, Solidão de Paul Sérusier (França, 1864-1927).