A mulher só
 

Era tanta solidão,
que mais não cabia nela.
Como podia, ó razão!,
viver só mulher tão bela?
 
Na direção da cidade,
caminhava bem depressa.
Na volta, a dificuldade
de um soturno andar sem pressa.
 
Andava seus passos lentos,
sem vontade de chegar.
Na praça, buscava alento
e um banco para sentar.
 
Toda tristeza que existe
estava contida nela.
Como podia ser triste
se era, essa mulher, tão bela?


_______
 

N. do A. – Na ilustração, Solidão de Paul Sérusier (França, 1864-1927).

João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 11/07/2016
Reeditado em 22/04/2023
Código do texto: T5694344
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.