CONSÓRCIO COM A SOLIDÃO
Eu vagueva sozinho pelas estradas sem confins.
Era noite. Aqui e acolá eu estacava. Namorava
Um céu bordado de inteligentes estrelas que me
Fitavam desconfiadas... E eu sorria para o infinito...
Meus olhos se afogavam naquela tertúlia obesa
Onde nuvens brancas passeavam de mãos dadas...
Havia em derredor grave silêncio. Tudo, calmaria.
Nada mais despertou-me a atenção. Só tal aventura.
Tênues caminhos gravavam meus passos na areia
E suave brisa soprava em minhas faces com ternura.
O penssamento buscava imagens plenas de fantasia
Em que o mundo se desdovrava e atendia à imaginação.
Isentos de fadiga, quilômetros e quilômetros foram
Percorridos pela mente que respirava dons de alegorias.
Como são doces certos momentos de solidão!
No passar das horas, o tempo é cúmplice das divagações
Que semeiam a consciência e edificam portos de alegria.
Como são mágicos os instantes da inquietação soturna!
Embora haja a escuridão reinante, há a luz da sabedoria
Que transcende a todas as adversidades que morrem solteiras...
Como são delirantes os respiros do pueril diante da natureza!
Ceifam-se as incertezas, deletam-se os medos, nasce a coragem.
Impulsionam-se os mais secretos desejos à volúpia da realidade.
Como são áureas as vidências do presente e perspectivas futuras!
O passado perece perante as ilusões que fomentam possibilidades.
A existência torna-se adutora da alma e o equilíbrio é a fonte
Que norteia os gestos e as atitudes são perenes de grandiosidade.
Como é salutar matutar diante do horizonte e enxergar o metafísico!
Tudo se compreende. Tudo é fartura. Tudo são lampejos da verdade
Que dilacera a mentira e faz do viver a ambição sagrada de Deus!
DE Ivan de Oliveira Melo