Desassossego
Sinto teus olhos passando
Passando sobre minhas letras
Comendo literalmente uma a uma
Deixando marcas nas curvas que elas imprimem
Tua covardia grita dentro de teu peito
E nu de coragem pousas tuas mãos em mim
Meu corpo imaginário te assombra
Meu cheio impregna todo o ar que respiras
E no meio desse pesadelo sombrio e solitário
Gritas meu nome em silêncio profundo
Beijas a minha boca que já foi teu porto
Abraças meu corpo que já foi tua estrada
Ontem em tuas mãos eu gemia de prazer
Hoje sou só a sombra que tua covardia
Descarada e sem escrúpulos exibe
Totem disforme e completamente abandonado
Entre as dores da ausência e o impacto da presença
Preferes a falta do corpo que te fez tão feliz
Cospe nas pegadas que te mostram o caminho
Esconde nas ondas salgadas todo nosso desejo
E deixa que, somente ele, o mar me devore inteira
Observas de longe o meu desejo afundar
Na tempestade que eu não causei
Choras pelas performances que eu não te mostrei
Enquanto eu, aqui distante,
Enterro tudo aquilo que sonhei.
Linda interação poética de meu amigo e parceiro F Santos.
Nas curvas que contradizem nossos caminhos
Sigo eu, errante em desalinho
Num choro que não tenho coragem de chorar
Nas canções que me recuso entoar
E nesse medo perpétuo à que me entrego
De um amor que por covardia eu me nego
Sou apenas sombra de um perdão que não pedi
PS: Obrigada amigo querido pela doce presença em meu cantinho. Minha admiração eterna.