Desassossego

Sinto teus olhos passando

Passando sobre minhas letras

Comendo literalmente uma a uma

Deixando marcas nas curvas que elas imprimem

Tua covardia grita dentro de teu peito

E nu de coragem pousas tuas mãos em mim

Meu corpo imaginário te assombra

Meu cheio impregna todo o ar que respiras

E no meio desse pesadelo sombrio e solitário

Gritas meu nome em silêncio profundo

Beijas a minha boca que já foi teu porto

Abraças meu corpo que já foi tua estrada

Ontem em tuas mãos eu gemia de prazer

Hoje sou só a sombra que tua covardia

Descarada e sem escrúpulos exibe

Totem disforme e completamente abandonado

Entre as dores da ausência e o impacto da presença

Preferes a falta do corpo que te fez tão feliz

Cospe nas pegadas que te mostram o caminho

Esconde nas ondas salgadas todo nosso desejo

E deixa que, somente ele, o mar me devore inteira

Observas de longe o meu desejo afundar

Na tempestade que eu não causei

Choras pelas performances que eu não te mostrei

Enquanto eu, aqui distante,

Enterro tudo aquilo que sonhei.

Linda interação poética de meu amigo e parceiro F Santos.

Nas curvas que contradizem nossos caminhos

Sigo eu, errante em desalinho

Num choro que não tenho coragem de chorar

Nas canções que me recuso entoar

E nesse medo perpétuo à que me entrego

De um amor que por covardia eu me nego

Sou apenas sombra de um perdão que não pedi

PS: Obrigada amigo querido pela doce presença em meu cantinho. Minha admiração eterna.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 28/06/2016
Reeditado em 01/07/2016
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