GRITOS DE ADEUS NÃO PERCEBIDOS (OU O ADEUS POR CONTRA PRÓPRIA)
Ela gritava tão alto
Seu desespero nunca foi notado
Por todo alguém
Que dizia estar junto dela
Quantos socorros foram suplicados
Piedade, pedindo ajuda
“Por favor, alguém vem me tirar
Do buraco que estou”
Mas quem estava perto nunca ouviu
Um ou outro de longe ainda sentiu
Parecia surpresa mas não era
Na hora em que ela finalmente partiu
Quantos encontros deixados pra trás
Quantos abraços que não existem mais
O Coelho Branco está sempre atrasado
Mas hoje ele vai deixar passar
E todos em volta da mesa perguntam “por quê?”
Quem diria, não esperava, é hora de ser
Aquele que nunca fomos mas vamos cumprir
Tudo que não fizemos antes é hora de deixar partir
Que se vá, como o vento do norte
Como bailarina da morte
Como aquela que não teve sorte
Que todos já acharam forte