Meio homem / meio onda

Sou meio onda, meio homem

e, assim como o mar,

salgo minhas águas

e adoço minhas lágrimas.

Se a marola se finda,

sou mar alto

e cabisbaixo sou altivo

nas águas profundas

de qualquer choro que me quiser.

E quando me visita a dor,

sou meu oceano de tolerância

e sendo homem sou criança

e aprendo a secar

qualquer água que me sufoque a vida.

E quando me encanto, sou sereia

e posso molhar-me na areia

e secar-me no fundo do mar.

Sou meio homem e meio onda

sou a voz que sonda,

sou meu próprio aviso de alheio mar.