Verso anacoreta

Cerrado esfriando

lá fora, o tempo nublando

Cá dentro, eu e nós

a pinga no copo, a menina dos olhos

versos em embrolhos...

No silêncio, estamos sós

A vida passando, lá fora:

gente que chora

gente que namora

gente sem hora

Eu aqui dentro, ranhento

num convento...

Sem ir embora, ficar ao relento

como num poema cruento

Mas a vida é passante

O poema é atento

O poeta farsante,

aqui dentro, terçando...

Lá fora, a vida vibrante

Eu cá dentro,

ovante

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Maio, 2016 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 02/05/2016
Reeditado em 02/11/2019
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