Verso anacoreta
Cerrado esfriando
lá fora, o tempo nublando
Cá dentro, eu e nós
a pinga no copo, a menina dos olhos
versos em embrolhos...
No silêncio, estamos sós
A vida passando, lá fora:
gente que chora
gente que namora
gente sem hora
Eu aqui dentro, ranhento
num convento...
Sem ir embora, ficar ao relento
como num poema cruento
Mas a vida é passante
O poema é atento
O poeta farsante,
aqui dentro, terçando...
Lá fora, a vida vibrante
Eu cá dentro,
ovante
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 2016 - Cerrado goiano