Entre pisos de cactus, de ilhas negras inseguras e vales não líricos
       Passado o paraíso que não me quer, o amôr como disfarce, lúcida
       O meu eu em brinquedo lume, abrilhantada infância desses delírios 
       E estou a espezinhar o chão regado de teimosia tristonha impudica
  
       Sirvo-me de meu prato frio que requento na chama e meu suplício
       Nesta forçada lenha adusta o fogão desdentado das peças gélidas
       Ao queimar meu  pecado sem delito, entre passado e recordações

       Estou sós comigo diante de si mesma, santificada por espelhos mil
       Aquela que de brilhar a visão entorpece as cegueiras dos traidores 
       A solitária dama em tapetes debruados de estradinhas quase ardil  
       O que deveria ser um sonho que sou, a adentrar trevas e rancores 
   
       Nas horas desse trajeto, deste passar e repisar os temores vividos
       De nada ganho e de nada recebo, tão só que seja a permitifda ida
       Saída dos escombros de ontem a confirmar andarilha noites lustro

       O dia que se conforta em tardes me deita força de sentir-se amiga
       Senhora cansada de momentos fugazes a vida inerte e aparência!
       Nos minutos descontados da fatura do mundo que deixar redimida
       Estarei e estou, a cada trilha de pegadas, emaciada da reverência   

       Antes do fim, entregarei, diante do recomeço terei uma passagem
       Ida que de volta mal perseverei, ou que esqueço ser rainha incerta
       Atravessarei os rios da desordem num mundo falecido sem marés!

       Eu amarei cansada, livre de sorrisos, encantando a todos, correta!
       Sendo a única de um olho nas terras de sem fim que velam cegos
       Cairei ao covil aberto de meu erro, e acreditando que estarei certa
       E deixo como testamentar este lamento de ficar deserta em restos
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 21/04/2016
Reeditado em 21/04/2016
Código do texto: T5612089
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.