O Esquecimento

Que fiques ciente

deste quadro aparente

suspenso e indiferente

aos tempos do verbo:

Tu fostes feita

De olhares, de luas e cores

Do acinzentado céu da boca

Que se mistura com o firmamento

Do enrugamento que água causa

Como o todo que você se torna

Entre um beijo e a recorrente pausa

Há o todo nos olhos que repousam

Na espreita correta de quem espera

A sudorese do espírito.

Quando o amor desfalece

Ele não morre, ele pena

Subitamente delegado a pena?

Sutilmente a sua alma empena

Na flébil passagem do tempo

Mas se esqueces...

Pela falta de procura

Pela alta da loucura

Pelo excesso da cura

Há algo que em mim apura:

O silêncio é feito de dor

Onde não há forças para braços

Entre os tempos que o verbo

Não consegue voltar atrás.

Deve ter pensado bem

Não há mais retorno

Quando chega o som da lágrima

Nem o peso da lástima

Talvez uma leve nostalgia

Do que já não se tem

Não é nem um porém

Quiçá um desdém

É simplesmente a alma

A compreender que soube viver sem.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 05/04/2016
Código do texto: T5595685
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