Vazia

Tem horas que sem pedir licença,
Entro em minha casa, fecho minhas cortinas,
Retiro-me do mundo, sem dar a mínima  
À consciência e à razão...
Tem dias que, de corpo e alma,
Mergulho em meus papéis, meus escritos,
E neles simplesmente me perco,
Mas deles, jamais abro mão...
Dispenso hipocrisias, formalidades,
Dou total atenção aos sentimentos,
Toda autonomia ao coração...
Liberta em minhas palavras,
Permito-me dizer o que quero, o que sinto, 
Sem peso, sem culpas,
Sem pronunciar ao menos,
Um único ruído, sussurro ou som...
Mas hoje, excepcionalmente hoje,
Talvez você não me encontre
Em meus poemas;
Nem consiga me decifrar
Em poesias...
Hoje, sinto-me extraviada, perdida,
Totalmente solitária de mim...
As palavras parecem apagadas,
Guiadas pela ação do vento,
Fogem sem destino,
Sem rumo, ganham estradas sem fim...
Sei bem o que acontece...
É que acabei de me deparar comigo
E de você, não encontrei rastro ou vestígio...
Flagrei-me totalmente exposta
Desprotegida, sozinha, à mercê...
Encontrei-me nua de palavras,
Presa num vazio profundo de você...


 
Aliesh Santos
Enviado por Aliesh Santos em 01/04/2016
Reeditado em 01/04/2016
Código do texto: T5591952
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