Silêncios atraiçoadores
Minha alma agoniza por esquecimento,
pagando o preço de lembranças cortantes,
sangue que jorra a cada pensamento,
dor que ceifa minha vontade de viver,
existência pela metade debatendo-se,
sofrendo sem camisa de força,
amarrado aos meus erros jamais perdoados,
caminhando em curtos-circuitos perigosos,
esperando eletrocutar minhas sensações,
querendo lançar-me de um arranha-céu,
gritando para silêncios atraiçoadores,
sem respostas consoladoras,
preso na solidão que consome,
ácido de um espírito errante,
vagando em sua própria sombra...
Miséria sem nomeações,
tortura cíclica em gotas,
voltando de tempos em tempos,
no relógio do sol de uma manhã cinza,
apunhalando roupas no varal,
usando um canivete cego,
extraindo verdades insolúveis,
respirando mentiras insuportáveis,
lágrimas molhadas em desertos,
secura de oceanos sem ondas,
buscando afogar-me em poças infinitas,
enquanto em mim explodem bombas,
terrorista que sou de minhas muitas vidas,
esperando fragmentar-me em pedaços invisíveis,
estilhaçando cada momento de torpe inconsistência...