Olho-me tanto...

Olho-me de vez em quando

para me ver vivendo e amando

e desertar de mim, raros desenganos que insistem habitar minha alma

e fazer-me escravo surdo.

Olho-me, sim, de vez em quando e consigo abandonar certos abandonos,

escrevi desapercebido um dia

meio a baças dores da agonia,

saldo dalguma solidão

quis-me ver chorando tanto.

Olho-me de vez em quando

para mais feliz ser ainda

e, poetando, deslabirintizar meu credo

e ser-me rei e servo,

o que quiser...,

e ter meus paraísos às mãos.

Olho-me para que o meu olhar não morra

e assim minha alegria não corra

e vá ela zombar de mim

noutro jardim

como rebentão dos meus desenganos.

Olho-me para mais ser feliz, sim!