A Marcha
A Marcha
Quantos segredos nos olham
Pelas janelas redescobertas.
Quantas sombras nos vigiam
Pelas vitrines entreabertas.
Quantos medos nos espiam
Pelas calçadas em desalinho.
Quantos olhos nos abordam
Por trás de um copo de vinho.
Quantos desejos nos convidam
Para as camas e para o cansaço.
Quantos olhares nos denunciam
Os muros e seus portões de aço.
E lá no alto do mais alto edifício
A flor solitária acena como artista,
Cumprindo, intimidada, seu ofício
De enfeitar a vida e de ser vista!