A Marcha

A Marcha

Quantos segredos nos olham

Pelas janelas redescobertas.

Quantas sombras nos vigiam

Pelas vitrines entreabertas.

Quantos medos nos espiam

Pelas calçadas em desalinho.

Quantos olhos nos abordam

Por trás de um copo de vinho.

Quantos desejos nos convidam

Para as camas e para o cansaço.

Quantos olhares nos denunciam

Os muros e seus portões de aço.

E lá no alto do mais alto edifício

A flor solitária acena como artista,

Cumprindo, intimidada, seu ofício

De enfeitar a vida e de ser vista!

MAReis
Enviado por MAReis em 27/03/2016
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