A Sombra do Amanhã
Olho além daqui e vejo a sombra do amanhã.
No espelho vejo refletido o meu triste rosto.
Meu cabelo está branco e até cumprido.
Percebo no olhar um brilho vermelho.
Não existe volta ao passado.
O jovem sonhador e ambicioso está agora velho.
Em um pequeno quarto eu durmo.
Tenho apenas comigo a "Bíblia" o livro sagrado
e o caderno onde escrevo meus contos.
Olho a sombra do meu amanhã.
Faz-me sentir saudades dos entes queridos
que em seus túmulos estão adormecidos.
Irei também juntar-me um dia com eles todos.
Por qual razão serei o último deles a morrer?
Ninguém ficou para chorar o meu último momento.
Entre a sombra do meu amanhã percebo
e vejo na lápide meu nome todo escrito.
Foi bem gravado em um mármore negro.
Há alguns dizeres a mais na lápide fria.
No reflexo dentro do espelho leio:
"Aqui jaz um homem que dormiu sem um futuro..."
Assim a sombra do amanhã me envolve todo.
Sobre a lápide forma de repente um lodo.
Ali num cemitério qualquer meu corpo virou pó.
É na sombra do amanhã que meu espírito
depois de virar pó a Deus por fim voltou.
( J C L I S )
Escrevi esta poesia aqui no próprio recanto das letras
em trinta minutos num só folego.