<IA>Divã

Divã

Perco-me na liberdade

das vírgulas que tu me prestas

e em meu querer aflorado

têm dívidas que me consome...

Perdido sigo em tuas dúvidas,

de intrincadas vielas,

confuso e de tino frágil,

de intimidado a arredio...

Solos dividem-me em cacos

na exatidão de saber

o que nos faz desconexos;

tudo que ainda não sei,

quem fui e pra onde vou...

Busco raízes perdidas

em teus desertos quintais...

De saudades calcifico

aos prantos, só, me dissolvo...

Por medos me crucifico,

camuflo-me de azuis manhãs...

Dos teus desvios vêm sais

a azucrinar os meus dias

com as solidões que processo...

Em meus passos, retrocesso

com o vago que me conduz

num mundo vão, sem valia...

Me falta luz e altivez,

pra que me encontre em tuas noites...

À lua e na escuridão

com as más marés em açoite

sem couraças lhe confesso

o amor que por ti professo...

Num poetizar, em meu divã

lacrimo à dor de meus versos.