Um punhal
Um fantoche da vida
Sentia-se um trapo
Escrevia atabalhoadamente
Insistia
Ajoelhado
Mãos aos céus
Sisudo
Pedia clemência
Cicatrizes
Sobre os cortes profundos
Palavras rotas
Sujeiras na boca
Olhar em sangue
Um punhal
Sobre a escrivaninha
Um grito de pavor
Uma ferida aberta
Língua ereta mas lanhada
Cantos da boca
gozo e sangue
nas extremidades
Arremessou o punhal
Cravou no coração
do leitor
...Uma palavra áspera
Como lâmina cortante
Agora, uma mesma ferida exposta
réquiem para dois corações.