Um punhal

Um fantoche da vida

Sentia-se um trapo

Escrevia atabalhoadamente

Insistia

Ajoelhado

Mãos aos céus

Sisudo

Pedia clemência

Cicatrizes

Sobre os cortes profundos

Palavras rotas

Sujeiras na boca

Olhar em sangue

Um punhal

Sobre a escrivaninha

Um grito de pavor

Uma ferida aberta

Língua ereta mas lanhada

Cantos da boca

gozo e sangue

nas extremidades

Arremessou o punhal

Cravou no coração

do leitor

...Uma palavra áspera

Como lâmina cortante

Agora, uma mesma ferida exposta

réquiem para dois corações.

Robertson
Enviado por Robertson em 19/02/2016
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