Dobras dos sinos
Nas dobras dos sinos,
a solidão do passageiro sem destino,
sentado no banco de uma igreja vazia,
sem orações ou velas iluminando o altar,
sem preces por sua alma triste,
sem conforto para seu coração ferido,
apenas o silêncio escruciante de uma arquitetura gelada,
insignificante entre torres e abóbodas,
destoante entre obras de arte nas paredes,
ouvindo apenas as dobras dos sinos à cada hora...
Um toque sem acalento,
dois toques confirmando o desalento,
três toques ressoando nos ecos de uma outra dimensão...
Na dobra dos sinos,
a resignação de um viajante do vento,
escondido na escuridão de sua própria vida,
sem socorros espirituais para seu ateísmo,
sem a chama da fé para apaziguar suas guerras internas,
sem caridade para segurar suas mãos trêmulas,
apenas o desencontro de estruturas dissonantes da humanidade,
invisibilidade entre o sacrário e os azulejos portugueses,
desviante das trilhas de uma existência fidedigna,
sussurrando apenas nas dobras dos sinos à cada hora...
Um toque sem acalento,
dois toques confirmando o desalento,
três toques ressoando nos ecos de uma outra dimensão...