Imparável
Essa dor que consome meus dias,
essa inconstância que me faz jamais ter um lar,
essa insatisfação que me mantém inquieto todo o tempo,
essa ausência de respostas para as questões mais básicas,
sigo imparável, obcecado por minhas tragédias pessoais,
minhas desilusões, meus erros relembrandos continuamente,
minhas incertezas colocadas à prova em todos os segundos,
meus medos refletidos em cada espelho dessa casa assombrada...
Esse amor mal resolvido que me destrói por dentro,
essa fúria que me faz querer esmurrar muros e portas de ferro,
essa angústia de quem não tem um lugar para ir mesmo querendo,
essa solidão de alguém submerso em uma multidão de rostos vazios,
sigo imparável, insano em minhas objetividades desconstruídas,
minhas incoerências, meus tropeços em pedras não contornáveis,
minhas carências gritando minhas fragilidades em cadência,
minhas lágrimas congeladas em pingentes tatuados no rosto,
meu olhar cinza perdido em uma onda azul profunda...
Essa alma dilacerada pelas circunstâncias adversas,
esse torpor que me paralisa os movimentos de libertação,
esse cair da noite escura que transforma em trevas minha luz interna,
essa música triste que nunca para de tocar na minha trilha sonóra,
sigo imparável, frio como um iceberg em alto mar,
minhas poesias, minhas palavras sussurradas como um clamor,
meus pedidos por socorro sempre ignorados na correria dos dias,
minhas emoções tolhidas por um rigoroso inverno infernal,
meu coração sangrando em um expositor de vidro em chamas...